Nada menos que 253 espécies de aves pertencentes a 51 diferentes famílias já foram registradas nas áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) e em quatro projetos (plantios de eucalipto alternados com áreas de mata nativa) da BSC/Copener, no litoral norte e agreste do estado. Os dados foram apurados durante a primeira campanha de monitoramento de Avifauna realizada pela equipe de Meio Ambiente e Certificação da empresa. “Isso corresponde a 35% do total da avifauna já descrita para o estado da Bahia“, explica o biólogo Sílvio Lima, da BSC/Copener.
“Essa grande representatividade demonstra a importância das atividades de monitoramento ambiental desenvolvidas pela empresa, tendo em vista o seu comprometimento em realizar ações de manejo sustentável dentro de suas áreas“, diz Silvio. O levantamento incluiu as quatro AAVCs da empresa e também os projetos Sergipe, Cachoeira, Bonfim e Olhos d’Água.
De acordo com os dados apresentados na campanha, dentre as espécies identificadas, 10 estão ameaçadas de extinção. São elas: Touit surdus, Amazona rhodocorytha, Xipholena atropurpurea, Conopophaga melanops nigrifrons, Automulus lammi, Herpsilochmus pectoralis, H. pileatus, Myrmotherula urosticta, Pyriglena atra e Sporagra yarrellii. O Herpsilochmus pileatus (chorozinho-de-boné) é a única espécie ameaçada restrita às restingas e muçunungas. “Esses resultados comprovam ainda mais a necessidade de preservação dessas áreas“, acrescenta o biólogo.
O monitoramento serviu para ampliar a área de ocorrência de algumas espécimes, que até o momento não haviam sido registradas no estado da Bahia como, por exemplo, o cuspidor-de-máscara-negra, da saíra-galega (Hemithraupis flavicollis melanoxantha) e o barranqueiro-do-nordeste (Automolus lammi) pertencentes à classificação denominada “Centro de Endemismos de Pernambuco” que abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Sílvio explica que “a situação também é observada para espécies mais típicas do sul, pois duas aves, o andorinhão-de-sobre-cinzento (Chaetura cinereiventris) e o tuque (Elaenia mesoleuca), embora não ameaçadas e endêmicas, ampliam sua área de distribuição ao norte com os registros obtidos neste trabalho“.
Do total de espécies identificadas, 32 são endêmicas de algum bioma. Destas, 24 pertencem à mata atlântica (18% das espécies endêmicas do bioma no estado), sete à caatinga (43%), e uma ao cerrado (7%).
Meryellen Baldim, coordenadora de Meio Ambiente e Certificação da BSC/Copener, enfatiza que a principal ameaça a esse grupo tem sido a caça, principalmente por parte de criadores e traficantes de animais silvestres. “Nosso maior desafio é coibir a ação de caçadores nas áreas da BSC/Copener, principalmente nas AAVCs e, consequentemente, aumentar os dados de riqueza e abundância das espécies“, diz Meryellen.