Realizada pela Bracell, a atividade reforça a importância de conciliar abelhas, educação, preservação ambiental, turismo e geração de renda
O segundo e último módulo do curso de meliponicultura, realizado no Meliponário Pólen Dourado, em Mata de São João (BA), reafirmou que abelhas, educação, preservação ambiental, turismo e geração de renda podem caminhar muito bem juntos. Foi o que cerca de 60 pessoas, entre meliponicultores, representantes de comunidades quilombolas e indígenas, de instituições parceiras e da Bracell, que promoveu o curso em parceria técnica com a consultoria Novo Encanto, puderam comprovar na prática, no último dia 23.
Além do conhecimento, ao final do encontro, cada um dos 35 novos produtores presentes na formação recebeu uma colmeia e uma caixa vazia para formar uma nova colmeia para compartilhar com alguém da comunidade onde mora. A meliponicultura é a criação de abelhas sem ferrão, que produzem um mel muito apreciado, nutritivo e de alto valor comercial. A garrafa de 1 litro do produto custa, em média, R$ 240.
Para Adriana de Castro,bióloga gestora da Área de Proteção Ambiental (APA) Litoral Norte e técnica da Novo Encanto, trata-se de um projeto de natureza socioambiental: “Estamos trabalhando com abelhas nativas da Mata Atlântica e contribuindo para a polinização dos remanescentes florestais, ao mesmo tempo em que fomentamos renda para as comunidades, apoiando-as para que possam produzir e vender produtos associados de abelha, como mel, pólen e própolis”.
Adriana destaca ainda que a diminuição da população de abelhas reduz em até 80% a polinização das plantas. “Outros animais, além do vento e da água, também fazem a polinização, mas a abelha tem este papel principal. Então, este projeto liga a contribuição para a manutenção do equilíbrio da biodiversidade, algo que a Bracell realiza em suas áreas, com o lado social”, ressalta.
O nutricionista Daniel Cady, sócio do meliponário, começou a criação de abelhas durante a pandemia. “Eu e minha família nos encantamos com as abelhas. Quando entendi o papel delas, eu me interessei ainda mais e senti a necessidade de formar um espaço não só para multiplicar as abelhas, mas a ideia. Queremos que as pessoas tenham uma alternativa para reforçar o orçamento. Este é um grande momento para quem quer empreender, multiplicar, curar e se reconectar com a natureza. Isso que está começando aqui vai valer a pena”, afirma.
Para ele, a presença de áreas de preservação, como as da Bracell, ajuda a manter o equilíbrio: “A gente precisa aprender a conviver com diferentes atividades, mantendo as matas de pé para assegurar a saúde das pessoas e do planeta”.
Elício Neves, da comunidade quilombola de Piaçava, em Esplanada (BA), já cria abelhas com ferrão (apicultura) e está iniciando a meliponicultura. “Estamos aprendendo mais sobre o manejo dela para poder passar este aprendizado para frente, incentivando outros polinizadores a fazerem o mesmo e a formar uma rede de pessoas conscientes de que precisamos salvar essas espécies importantíssimas para a polinização”, diz.
Milena Oliveira, analista de Responsabilidade Social da Bracell, lembrou que a empresa já tem investimentos em apicultura e que esse é o primeiro passo para a meliponicultura. “Em parceria com a Novo Encanto, reunimos pessoas que são referência nesta atividade e que estão juntas nesta troca de experiências e na construção de conhecimentos. Estamos iniciando com o pé direito”, ressalta.
Projeto Polinizadores
Além do estímulo à meliponicultura, a Bracell mantém o Projeto Polinizadores que, na Bahia, reúne mais de 100 apicultores parceiros nos municípios de Alagoinhas, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Mata de São João e Ouriçangas. O projeto contribui para o desenvolvimento da atividade nos estados da Bahia e de São Paulo, promovendo o múltiplo uso dos plantios de eucalipto nas áreas por meio da qualificação e do suporte técnico para melhoria da infraestrutura de produção de mel e derivados.
Por meio dele, a empresa autoriza produtores credenciados a manejarem apiários nas áreas de preservação ambiental da companhia de modo a aproveitar a florada silvestre nestes locais. Somente em 2021, a iniciativa contou com mais de 330 apicultores na Bahia e em São Paulo, movimentando uma renda superior a R$ 1 milhão.