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John, um protetor da RPPN Lontra

Nesta sexta-feira (17), Dia do Protetor de Florestas, Bracell homenageia vigilante que representa a equipe responsável pela proteção de mais de 60 mil hectares de áreas preservadas no litoral norte e agreste da Bahia

Quando os primeiros raios do sol atravessam a densa copa das árvores da floresta, Dioenes Soares já está caminhando por lá. O percurso é solitário, mas não triste. O canto dos pássaros enche o ambiente da contagiante energia da natureza, repleta de tons de verde, de inúmeras formas das folhas, troncos e galhos e de incontáveis espécies de animais mais percebidas pelos ouvidos do que pelos olhos,  já que se escondem do homem de boné preto, farda azul escuro e coturnos que passa por ali.

Mas Dioenes, ou John, é um protetor da floresta e está lá exatamente para resguardá-los. Ex-garçom, trabalhou por seis anos num resort de luxo no litoral baiano, onde atendeu a hóspedes como o apresentador Ratinho, a cantora Ivete Sangalo e o jogador Ronaldinho Gaúcho. Porém, há 10 anos, ele passou a se dedicar a outras celebridades: a fauna e flora da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Lontra, localizada nos municípios de Entre Rios e Itanagra. Desde então, ele é o vigilante patrimonial que ajuda a proteger a reserva contra a caça de animais e o corte ilegal de madeira.


“Aqui é a minha área. Todo dia, a gente conhece coisas novas aqui.”


Ali, descobertas diárias são mesmo possíveis: com 1.377 hectares, a RPPN Lontra é a segunda maior reserva particular do litoral norte da Bahia, atrás apenas da Subaumirim Gleba A, com 1.607 hectares – ambas pertencentes à empresa Bracell, fabricante de celulose solúvel que cultiva eucalipto em 31 municípios do litoral norte e agreste do estado e mantém 60.600 hectares de mata nativa preservada na região.

A primeira entrada de John naquela floresta foi com um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe. “De lá para cá, achamos vários caminhos”, completa o pai de Sofia, de apenas 4 anos. Os novos e os antigos caminhos continuam a surpreender. “Cada dia que passa, você conhece uma árvore que nunca viu. E ainda tem muitas árvores para serem descobertas e pesquisadas”, diz o vigilante. Motivos para acreditar nisso, ele tem de sobra: a reserva tem áreas inexploradas que sequer foram acessadas pela própria equipe, “porque é mata muito fechada”, o que aguça ainda mais sua curiosidade.

 

Acostumado ao trabalho árduo – desde criança ajudou o pai na roça em Massarandupió, onde nasceu – John segue firme pela floresta, desviando galhos com as mãos e ‘varrendo’ com os olhos a trilha e as bordas dela. O calor úmido e o longo percurso não o esmorecem. E o risco das cobras, que tão facilmente se camuflam na mata? “Só tenho medo da surucucu”, confessa. Encontrada na RPPN Lontra, a surucucu pico de jaca (Lachesis muta) é a maior serpente peçonhenta das Américas: pode alcançar até 3 metros e recebe este nome porque seu couro tem uma textura semelhante à casca da jaca.

De tudo o que ele já avistou na RPPN, um exótico sapo ‘pontudo’ foi o que mais lhe chamou a atenção. “Tudo o que é bicho você encontra aqui”, declara John. Macacos, tatus, pássaros de todo tipo, como a pyriglena, cobras, insetos e também árvores como jequitibá, imbiruçú, sucupira, maria farinha, pau pombo, biriba, ingauçu e ingá. Isso sem falar na diversidade de frutos comestíveis como araticum, coco da piaçava, dendê, araçá e manguba.


“Na floresta você acha de tudo, tudo você come e não passa fome.”


Mas John não está sozinho na tarefa de proteger as áreas de mata nativa da Bracell. Colaborador terceirizado, ele integra a equipe de Segurança Patrimonial da empresa, que conta com um núcleo de Segurança Florestal para coibir a caça e extração ilegal de madeira nas suas propriedades.

Com um efetivo fixo de 140 profissionais, entre próprios e terceiros, e outros 25 temporários no verão, período crítico de incêndios na região, o time de Segurança Patrimonial da Bracell responde pela proteção de áreas produtivas, combatendo crimes ambientais e realizando a vigilância das operações florestais e dos 60.600 hectares de vegetação nativa pertencentes à Bracell na Bahia. Graças ao trabalho da equipe e ao aparato tecnológico utilizado nas intervenções, foi possível reduzir em 98,4% o roubo de madeira, em 95,2% a ação de caçadores e em 72% os incêndios florestais criminosos.